O Padre responde:
Qual o significado dos Ritos que fazem parte da Crisma?
A
Confirmação ou Crisma faz parte, juntamente com o Batismo e a Eucaristia dos
chamados Sacramentos de Iniciação Cristã. Na realidade, os três eram
recebidos praticamente em simultâneo no início do cristianismo, mas o uso
pastoral acabou por afastá-los.
O
Batismo foi sendo reservado ás crianças recém-nascidas, para evitar que –
em caso de morte repentina – essas se encontrassem pagãs.
No
caso da Eucaristia, passou-se a aguardar que as crianças já tivessem um certo
grau de entendimento e a Confirmação do Batismo no Espírito – reservada ao
bispo – ficava
na dependência da presença do prelado.
Atualmente,
diversos teólogos entendem que a Confirmação deveria ser ministrada
simultaneamente com o Batismo. Outros crêem ser melhor adiá-la para a adolescência
– é o que tem acontecido – . Dessa forma, o jovem cristão teria a
oportunidade de assumir por conta própria o que outrora seus pais e padrinhos
fizeram por ele.
De
fato, nada mais interessante do que celebrar a entrada na idade adulta
confirmando nossos valores cristãos. Mas os elementos hoje atribuídos à
Confirmação, sobretudo ao dom do Espírito Santo, não podem ser vistos fora
do contexto dos sacramentos da Iniciação. A Confirmação é parte integrante
do nascimento do cristão, na qualidade de momemnto específico de seu
envolvimento.
Para
uma visão aprofundada desse sacramento, é importante compreendermos o
significado dos seus principais ritos: Imposição
das mãos.
A
imposição das mãos é um símbolo de benção tão antigo quanto as primeiras
religiões da humanidade. Para os cristãos, de forma generalizada, significa
oferecer aqueles que amamos o nosso grande bem: o Espírito Santo. É um gesto
bastante expressivo, embora não pertença à essência do rito sacramental.
Na
própria Bíblia esse gesto ganha outros significados. A imposição das mãos
sobre a cabeça pode servir para abençoar ou conferir uma missão a alguém (Cf
Dt 34,9); acompanha a oferta de sacrifícios (Lv 1, 4: 16,21) ou é um gesto de
consagração (Nm 8,10). Jesus impõe as mãos sobre as crianças, bendizendo-as
(Cf Mt 19,13-15), e sobre os doentes, para curá-los e libertá-los dos demônios
(Lc 4,10; Mc 8,23). No livro dos Atos dos Apóstolos impõem as mãos para
invocar o Espírito Santo (At 8,15). Além disso, lembra também a sombra do Espírito
que fecunda Maria na anunciação (Lc 1,26-38), a nuvem e a pomba presentes no
Batismo de Jesus (Lc 3,21-22), a nevem que cobre os discípulos na transfiguração
(Mc 9,7) e a vinda do Espírito Santo em pentecostes (At 2,1-11). Enfim, o fato
de ser o bispo (ou seu delegado ad hoc) quem impõe as mãos, é um sinal de
unidade da Igreja..
Unção
O
gesto essencial da Confirmação é a Unção crismal cruciforme (isto é, feita
com o sinal da cruz) na fronte do confirmado. O bispo o unge dizendo: “Recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo”. Essa fórmula
só foi adotada na Igreja Latina com o novo rito proposto pelo Papa Paulo VI,
mas já era conhecida pelo rito bizantino desde o século V. É considerada a
mais completa, pois, no próprio ato de ungir faz-se a imposição da mão.
Essa
imposição – feita pela unção do Crisma na testa do confirmado –
manifesta o aspecto pessoal da graça e o caráter indelével da Confirmação.
Em outras palavras: esse Espírito que é Santo e que age onde quer, me chama
pelo nome e penetra o segredo do meu ser, na raiz mesma de minha liberdade.
Óleo
A
importância da unção leva-nos ao significado milenar do óleo, sobretudo
aquele extraído da Oliveira, que era tido por poderoso agente medicinal. Além
disso, é antiga a crença de que as pessoas mais próximas a Deus e engajadas a
seu serviço são agradáveis e irradiantes.
O
Cristianismo aprendeu com essas tradições anteriores, mas acrescentou também
algo revolucionário. Jesus é o
Ungido por excelência. Ao se encarnar, toda a natureza humana foi ungida
pelo Espírito de Deus. Daí o acesso aos óleos santos estar aberto a todo ser
humano. Ser ungido na Confirmação significa para o Cristão poder levar á
plenitude sua vocação batismal de rei, sacerdote e profeta.
O
Documento da CNBB que fala sobre os Sacramentos de Iniciação Cristã insiste
na valorização dos gestos litúrgicos e recomenda que a imposição das mãos
seja feita sem pressa e solenemente e a unção com bastante óleo, de forma a
deixar visível na testa a sua marca. Mas isso não significa exagerar na
solenidade exterior, realçando o rito em si mesmo. O rito se reduz a mera
rubrica se não for expressão da graça de Deus que age em nós.
Fonte
inspiradora:
-
Ritual do sacramento da Crisma
- Bíblia Sagrada