A Sagrada Escritura, fonte de vida e santidade
A
Carta aos Hebreus, mostra-nos todo o poder da Palavra de Deus, as Sagradas
Escrituras: “Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante que uma
espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do corpo, e das juntas
e medulas e discerne os sentimentos e pensamentos do coração. Nenhuma criatura
lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem haveremos de
prestar conta” (Hb 4,12´13). Aí está o poder da Palavra de Deus. Ela tem tão
grande poder porque é Palavra de Deus e não humana. Isto nos garante o Apóstolo
Paulo: “Por isso também damos graças sem cessar a Deus porque recebestes a
palavra de Deus, que de nós ouvistes. Vós a recebestes não como palavra de
homens, mas como realmente é: Palavra de Deus, que age eficazmente em vós que
crestes”(1 Tes 2,13). Gostaria de destacar isso: “que age eficazmente em vós
que crestes”. A santa Palavra de Deus opera (realiza o que significa) naquele
que crê, naquele que a recebe e acolhe como Palavra de Deus. Ali ela dá muitos
frutos. O Espírito Santo nos ensina essa verdade, pelo profeta Isaías; cuja
boca tornou “semelhante a uma espada afiada” (Is 49,2): “Tal como a chuva
e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter
fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a
comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter
produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão”
(Is 55,10).
A
Palavra de Deus é transformadora, santificante. São Paulo explica isso a seu
jovem discípulo Timóteo, com toda convicção: “Toda a Escritura é
inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar
na justiça” (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para
a nossa santificação. Não conseguiremos ter “os mesmos sentimentos de
Cristo” (Fil 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a sua santa
Palavra. São Jerônimo, que traduziu a Bíblia do grego e do hebraico para o
latim (Vulgata), dizia que “quem não conhece o Evangelho não conhece Jesus
Cristo”. Jesus nos ensina que “a Escritura não pode ser desprezada”(Jo
10,34). Ele teve profundo respeito e veneração por ela e a empregou muitas
vezes. Ao ser tentado no deserto, foi exatamente com o auxílio das Escrituras
que Ele se defendeu, lançando de cada vez, no rosto de Satanás, a palavra de
Deus. O tentador fazia de tudo para afastá-lo de sua missão de Salvador dos
homens, na forma do “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1,29´36),
na forma do “Servo de Javé”, que deveria morrer na cruz. O inimigo queria
desviá-lo da missão sagrada que o Pai lhe tinha confiado e, para isso, quer
arrastá-lo a um messianismo terreno, glorioso, temporal, cheio de fama e de
sucesso. Quando ele sugeriu a Jesus, transformar as pedras em pães ouve do
Senhor esta sentença: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de
toda a palavra que procede da boca de Deus” (Deut 8,3/Mt 4,4). Na segunda
investida o demônio quer levar Jesus a jogar-se do alto do templo para ser
sustentado pelos anjos, de maneira exibicionista, (Sl 90,11-12); e o Senhor lhe
diz: “Está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”(Deut. 6,16). Por fim,
ele quer fazer Jesus adorá-lo em troca de todos os reinos do mundo; então o
Senhor é enfático: “Para trás Satanás, pois está escrito: Adorarás o
Senhor teu Deus e só á Ele servirás” (Deut 6,13). É impressionante notar
que Jesus repetiu por três vezes esta sentença: “Está escrito” [nas
Escrituras], e Satanás recua incontinente, pois se trata da eficaz e poderosa
palavra de Deus, que ele não tem força e nem capacidade de contestar e reagir
contra ela. E a narração termina dizendo que: “O demônio o deixou” (Mt
4,11).
Que
poder tem a palavra de Deus! Se Jesus a utilizou assim como uma arma espiritual
na luta contra o tentador, quanto mais nós precisamos dela! Assim, é importantíssimo
o estudo da Bíblia, de maneira sistemática e organizada, através de um curso
bíblico. É preciso trazer a Palavra de Deus no coração, para poder utilizá-la,
na hora da tentação, como Jesus fez para nos dar o exemplo.
A Igreja recebeu de Jesus o encargo de guardar e ensinar as Escrituras.
Como disse São Pedro, há “passagens difíceis” (II Pe 3,16) nas
Escrituras, cuja interpretação só o Magistério da Igreja, formado pelo Papa
e os bispos, pode dar. A Constituição dogmática do Concílio Vaticano II,
“Dei Verbum” (Palavra de Deus), diz: “A Sagrada Tradição e a Sagrada
Escritura, constituem um só depósito da palavra de Deus confiado à Igreja.”
“O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus, escrita ou
transmitida, foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja
autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo.” (n.10). No entanto, mesmo sem
conhecimento profundo de exegese bíblica, ela é sempre para nós a luz de
nossa caminhada na terra. São Paulo nos garante que: “tudo o que se escreveu,
foi escrito para a nossa instrução, a fim de que pela paciência e consolação
que dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rom 15,4). O mesmo diz o livro
de Macabeus, para quem a “consolação está nos livros santos, que estão em
nossas mãos” (I Mac 12,9), e que encorajavam o povo “lendo a lei e os
profetas”(II Mac 15,9).
Jesus
disse que “a Escritura não pode ser desprezada”(Jo 10,35), e por isso, São
Paulo recomendava a Timóteo que se aplicasse à sua leitura (I Tm 4,13). Jesus
é a própria Palavra de Deus, o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,1s). No
livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem...” e de sua boca saia
uma espada afiada, de dois gumes” (Ap1,16). É o símbolo tradicional da
irresistível penetração da palavra de Deus. São Paulo resume todo o poder da
palavra de Deus quando escreve a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça”
(II Tm 3,16). Essa palavra nos questiona, interroga, ilumina, guia, consola,
enfim santifica. São Pedro diz que renascemos pela força dessa Palavra.
“Pois haveis renascidos, não duma semente corruptível, mas pela palavra de
Deus, semente incorruptível, viva e eterna”, (I Pe 1,23) e, como disse o
profeta Isaias: “a palavra do Senhor permanece eternamente”(Is 11,6-8).
Quando
avisaram a Jesus que a Sua mãe e os seus irmãos queriam vê-lo, o Senhor
disse: “Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a
observam” (Lc 8,21). Jesus faz questão de dar relevância à necessidade de
“ouvir a palavra e a observar”; a esses ele os ama como ama a sua mãe e os
seus irmãos. Quando aquela mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse:
“Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!”, o
Senhor respondeu: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e
a observam!” (Lc 11,28).
Quando
alguém é renovado pelo Espírito Santo sente a necessidade da Palavra de Deus,
para guiá-lo e santificá-lo. Pela boca do profeta Amós, o Espírito Santo
disse: “Eis que vem os dias ... em que enviarei fome sobre a terra, não uma
fome de pão, nem uma sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do
Senhor”(Am8,11).Graças a Deus esses dias chegaram! Quando Jesus explicava as
Escrituras para os discípulos de Emaús, eles sentiam “que se lhes abrasava
os corações” (Lc 24,32). Assim também continua a ser hoje para todo aquele
que medita a palavra de Deus. Ela nos purifica no fogo do Espírito Santo. Todos
os santos, sem exceção, mergulharam fundo as suas vidas nas Sagradas
Escrituras, e deixaram-se guiar pelos ensinamento da Igreja. Pela meditação diária
da Bíblia, o Espírito Santo vai nos santificando, isto é, fazendo com que,
passo a passo, tenhamos, como disse São Paulo, “os mesmos sentimentos de
Cristo Jesus” (Fil 2,5).
Que
a Palavra de Deus, lida, meditada e praticada nos impulsione em nossa caminhada
cristã, para que fieis observantes, sejamos promotores do Reino e merecedores
da recompensa eterna!
Assim
Seja!
Paz e Bem!!!